terça-feira, 10 de junho de 2008

CRIANÇAS LUTANDO NA TV

Causou indignação e espanto a matéria veiculada pela imprensa na última semana, apresentando imagens de extrema agressividade e mau gosto, com crianças lutando em um tablado, tendo o incentivo de pais(?) e orientados por pseudos “professores/monitores”. Como não poderia deixar de ser, o assunto resultou em sérios debates públicos e comentários populares que se desenvolveram durante toda a semana. Mas, ao final, registradas todas as opiniões, permaneceram sem respostas as principais questões: estas atividades, a que estão sendo submetidas tais crianças, não são objetos de severa fiscalização dos Conselhos de Educação Física (CRFs)? Por que nossas crianças estão desamparadas quanto à preservação de suas integridades físicas, estruturais e psíquicas? Por que pessoas sem formação acadêmica se dizem formadoras de personalidades e ensinam “treinamentos e filosofias” sem nunca passarem por bancos universitários e agem como se fossem professores de Educação Física? Seriam eles gênios contemporâneos, supremos autodidatas que podem dispor do corpo físico e mental de crianças em formação sem cursarem, no mínimo, em torno de quatro a cinco anos que os profissionais de Educação Física se dedicam com afinco para se credenciarem à tão sublime prática pedagógica?

Parte das respostas foi dada pela oportuna manifestação de nosso Cref2/RS quando, respondendo às inúmeras mensagens, veio a público “manifestar repúdio à luta de criança que foi veiculada na mídia”. Ao mesmo tempo, parabenizou os veículos que mostraram os riscos e os perigos a que as crianças ficam expostas fisica, social e psicologicamente, defendendo que “essas atividades devem ser ensinadas por profissionais que detêm fundamentação técnico-pedagógica, fisiológica e psicológica, absolutamente necessárias para um trabalho adequado junto às crianças e adolescentes, evitando abusos que a realidade mostra”.

O mesmo Cref2/RS informa que, de momento, estão de mãos amarradas, e isso já há algum tempo, porque algumas associações relacionadas a lutas, formadas por ex-praticantes, leigos e autodidatas, conseguiram deferimento judicial impedindo que o Cref2/RS exerça sua função fiscalizatória junto a esse tipo de academias (?) por entender que, pasmem, “as artes marciais (lutas) não são esportes, mas sim artes”. Evidentemente, nosso Conselho Regional recorreu da decisão e, atualmente, aguarda decisão equilibrada do STF e STJ, restabelecendo os princípios legais contidos na Lei 9696/98, de 1º de setembro de 1998.

O curso de Educação Física prepara e capacita seus futuros profissionais para atenderem a todas as tendências modernas que o mercado impõe, e oferece, obedecendo à legislação vigente, cursos superiores em duas modalidades: licenciatura e bacharelado. A licenciatura tem, como prioridade, formar profissionais com competências e habilidades para atuarem na Educação Física no âmbito da Educação Infantil, Ensino Fundamental, Médio e Educação Especial, com a aprendizagem e desenvolvimento do jogo, esportes, ginásticas, dança, recreação e atividade física que promovam um estilo de vida saudável, qualificando a vida da criança, do adolescente e da comunidade. O bacharelado visa desenvolver competências e habilitar profissionais para atuarem, por meio do esporte, da recreação e lazer, da atividade física na prevenção e promoção da saúde em empresas, hospitais, clínicas de saúde, academias, Unidades Básicas de Saúde, incluindo PSF, laboratórios de atividade física e saúde, clubes, centros comunitários, gestão esportiva e de lazer, hotéis, estúdios de dança, personal trainning, entre outros.

Leandro Tibiriçá Burgos/Ms., coord. do curso de Educação Física da Unisc
Miria Suzana Burgos/Dra., professora do curso de Educação Física .

Reportagem estraida do jornal GAZETA DO SUL, em 10/junho/2008

A situação é bastante seria e preocupante, até onde isso vai chegar???

3 comentários:

Guilherme disse...

eu sou completamente a favor das lutas não achei nenhum exagero na reportagem a qual eu também assisti mais concordo com o tópico desenvolvido que os profissionais envolvidos nesta prática teriam que ser capacitados para atuarem com as crianças, mas como então formar profissionais mestres em artes macias se nem o curriculo básico da ed. física não nos é transmitidos por completo durante o curso. Diante disso seria capacitar melhos esses mestres com cursos de curta duração para que eles possam melhor trabalhar com nossas crianças.

Narinha disse...

Nara Rodrigues-Ed. Física-UFLA
Este tópico é curioso.......mas a problemática está no fato de então ter sido gerado toda a discussão (envolvendo também o cref)pelo fato de terem sido demonstrado nas reportagens as lutas, onde crianças nocaltiavam uma a outra. A questão é que essas lutas tranmitidas podem ter sido incorporados por imagens negativas sim...mas é importante lembrar que as lutas são também um conteúdo da ed. fisica e não meramente artes, devem ser encaradas e utilizadas por profissionais da área em seu sentido cultural no desenvolvimento fisico, psiquico, motores, coordenativos e outros da criança.

Anônimo disse...

Creio que esta postagem se refira a barbárie que foi exibida pela rede Globo mostrando crianças lutando de forma agressiva e "alienada". Aquilo foi uma catástrofe para a Ed. Física que já é desvalorizada depois disso ficou manchada. Concordo com a Nara e acredito Guilherme que essa capacitação seja direcionada a aspectos pedagógicos também e não simplesmente aspectos físicos..